As falsas cidades e a indústria da falsificação que se espalham pelos EUA, tão profundamente compreendidas por Eco encontram uma correspondência no cinema. O que Eco não anuncia na sua análise é que a mimética cultura americana, falsifica não somente monumentos, ambientes, animais e pessoas. Ela falsifica também a geografia.
Os filmes de ficção científica dão o enredo dessa potência falsificadora. Sempre que um americano – geralmente cosmopolitas urbanóides, preferencialmente membros de um grupamento social periférico (mito burguês da liberdade infantil assegurada pela ingenuidade) – viaja no tempo, o que ele encontra além de um deslocamento cultural e histórico, é uma imensa transposição geográfica. A memória se desterritorializa-se do presente, norte-americano, para se reterritorializar em uma Europa medieval.
O passado americano toma uma forma peculiar, pois o que encontram os personagens no passado nada mais são do que as memórias do totalmente outro: o Europeu. Varrendo a memória, o americano típico encontra um passado europeu que não lhe pertence de direito, que compõe, todavia um plano de imanência, uma imagem do seu próprio pensamento em que a Europa e os EUA se sobrepõe. Geograficamente o personagem típico não encontra qualquer oceano entre os dois continentes. A sobreposição histórico/cultural é também, portanto, territorial.
O que Eco permite entrever é que a indústria do falso, é a indústria em que se vende uma lembrança falsa, a qual construirá junto a diversas outras lembranças um plano de imanência esquizofrênico. Toda viajem no tempo ou é encerrada num ciclo em que todos (ou quase todos) os personagens voltam à salvo ao presente, ou termina em uma estranha constatação fatalista, em que algum personagem obriga-se a permanecer no passado e sua presença acaba por se tornar uma necessidade no tempo que se recupera. A imagem é portanto, não somente sobreposta naturalmente, mas liga-se pelos fios da Moira, dando a memória falsa americana uma legitimidade perversa: antes de existirem americanos, sua cultura já anunciava-se como necessária, como utopia européia.
Said encontra um orientalismo na geografia imaginária. Deleuze encontra conceitos e planos. O cinema não encontra nada além de americanos por todos os territórios, que no cinema são reduzidos a unidades sobrepostas, onde os americanos são anunciados escatologicamente, cumprindo sua missão, seu devir.
terça-feira, 26 de julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
O homem é uma máquina! Seus órgãos formam um conjunto de engrenagens colaborativas, cuja finalidade é produzir desejos, angústias, dores e alegrias! “Há tão somente máquinas, em toda a parte, e sem qualquer metáfora: máquinas de máquinas, com seus acoplamentos, suas conexões.” Há tão somente produção e interrupção: “fluxos e cortes”.
Esse homem máquina, eterno producente de si, produz também uma imagem de si. Imagem-modelo: ideal de si mesmo. Ideal que representa um produtor mais eficaz, mais ágil e qualificado. Só fluxo, sem cortes!
A máquina producente busca essa ideia de si mesmo e se produz no trajeto. Introduz em si novas ferramentas, softwares, métodos de funcionamento almejando a máquina perfeita, que nunca cessaria de produzir. A máquina sem cortes não descansa, não pára, não se angustia. Ela é só desejo e delírio.
“Se Deus não existe tudo é permitido”. A máquina ideal então é secular! Essa secularização corresponde àquela da arte em Benjamin. A máquina secular abandona o culto religioso e exige para si própria um culto secular. A máquina real quer ser cultuada como ela própria cultua a ideal.
Qual o limite do ganho de produtividade? As máquinas que não cessam, disputando suas olimpíadas, exibem-se publicamente na forma de objeto de culto: heroínas e heróis!
Heróis e heroínas paradoxalmente são antes máquinas virtuosas. Sua atitude é heroica porque elas produzem o que ninguém mais seria capaz. Não são produções fisicamente improváveis, mas moralmente impossíveis. O herói faz a escolha moral que ninguém mais seria capaz. A máquina ideal, produtora extrema, deve conviver com o mito da virtude. A máquina-modelo não permite o corte no fluxo produtivo e o mito da virtude não admite a perversão moral da máquina: o dopping.
Esse homem máquina, eterno producente de si, produz também uma imagem de si. Imagem-modelo: ideal de si mesmo. Ideal que representa um produtor mais eficaz, mais ágil e qualificado. Só fluxo, sem cortes!
A máquina producente busca essa ideia de si mesmo e se produz no trajeto. Introduz em si novas ferramentas, softwares, métodos de funcionamento almejando a máquina perfeita, que nunca cessaria de produzir. A máquina sem cortes não descansa, não pára, não se angustia. Ela é só desejo e delírio.
“Se Deus não existe tudo é permitido”. A máquina ideal então é secular! Essa secularização corresponde àquela da arte em Benjamin. A máquina secular abandona o culto religioso e exige para si própria um culto secular. A máquina real quer ser cultuada como ela própria cultua a ideal.
Qual o limite do ganho de produtividade? As máquinas que não cessam, disputando suas olimpíadas, exibem-se publicamente na forma de objeto de culto: heroínas e heróis!
Heróis e heroínas paradoxalmente são antes máquinas virtuosas. Sua atitude é heroica porque elas produzem o que ninguém mais seria capaz. Não são produções fisicamente improváveis, mas moralmente impossíveis. O herói faz a escolha moral que ninguém mais seria capaz. A máquina ideal, produtora extrema, deve conviver com o mito da virtude. A máquina-modelo não permite o corte no fluxo produtivo e o mito da virtude não admite a perversão moral da máquina: o dopping.
sábado, 7 de maio de 2011
Justiça
Há reflexões que procuramos incessamente. Outras nos encontram malgrado nosso. A proposta atual é desse segundo tipo: ela me encontrou. O risco de ser encontrado é a eterna sensação de surpresa, de que nunca se está verdadeiramente pronto para este momento. Ser encontrado é um chamado para encontrar-se - tarefa possivelmente traumática.
Fui flagrado com a notícia da morte de um terrorista famoso: Bin Laden. Finalmente a busca terminou, encontrou-se quem se buscava e pôs-se fim a vida do "maior inimigo da América".
Tenho questionado às pessoas - socraticamente - sobre a visão que possuem de um cidadão muçulmano. A resposta tem sido um retrato falado do Bin Laden, que finalmente morreu.
Quando é que associamos a imagem de uma cultura à imagem de um terrorista? O assassinato de Bin Laden é o assassinato de um tipo, de um símbolo. Quem morre é a barba e turbante, é o Islam cuja mitologia ocidental teimou em vincular à imagem da carne de Osama.
Curiosamente alguns liberais, como Ricardo Velez defendem que finalmente o oriente médio foi encontrado pelas reflexões ocidentais, vislumbraram assim a aurora liberal promotora de nosso progresso. Como era de se esperar o Liberalismo espantou os orientais e os levaram à revolução social.
Tony Stark sentou-se no divã ocidental oriental e viu a má compreensão oriental da tecnologia do ocidente. O herói é quem leva a verdadeira consciência, torna inteligível, como um pai que repreende um filho, o mal das armas.
Vingança ocidental no oriente!
A vitória está completa. O oriente parece finalmente ter sido assimilado pelo ocidente. Adotaram a democracia liberal e seu principal símbolo jaz no mar. Faz-se assim a justiça trágica e a vingança está completa.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Literatura extemporânea - Alan Moore
As reflexões de Alan Moore surpreendem pela sutileza do conteúdo eidético e pela revolução na forma de serem apresentadas: histórias em quadrinhos (HQ).
Relendo o V for Vendetta pode-se esbarrar em uma questão incômoda e controversa acerca das origens e dos limites de um governo autocrático. Nos anexos do primeiro capítulo Alan Moore revê sua posição no V for Vendetta em que uma guerra nuclear e a crise dela decorrente culmina em fascismo. Afirma que o fascismo inglês, para nascer, não precisaria realmente de um holocausto nuclear. Sua constatação é alarmante: já se vive em um fascismo.
As reações ao fascismo são sempre controvérsas. No caso dessa HQ, as transformações sociais estabelecem-se sob uma lei de causalidade. A guerra causa o fascismo, que por sua vez tolhe a liberdade, originando sádicos e masoquistas de toda a sorte, que acabam por fomentar o fascismo. Todo fascismo precisa de símbolos. Toda liberdade também. Regimes autocráticos exigem violência, o remédio não é diferente. Dessa forma, "codinome V" é um sádico violento, efeito do caos e defensor da liberdade.
Obviedade!? Sim. Até aqui sim. O momento em que "V" escapa à previsibilidade é quando apresenta os valores que exige realizados. Liberdade de pensamento, respeito às diferentes formas de cultura e expressão. Autonomia da vontade. O que tornaria esse herói anti-herói é a assunção da condição de efeito da guerra e do fascismo, transubstanciada em sadismo. O que o faz comum - e isso é o que não é óbvio - é a eterna defesa de valores heróicos tradicionais. Nada mais burguês do que abster-se dos objetos da vida prática e viver conforme valores morais abstratos. Sua meta é a realização da sociedade burguesa, todavia, nunca foi necessário viver em regimes democráticos para isso. A liberdade que se faz pela força é o sintoma cutâneo do fascismo radical. Dessa maneira "V" é o sintoma de uma doença tão antiga quanto a Europa, mas o protagonista da HQ é o próprio fascismo que estabelece, mesmo nos resultados aparentemente controvérsos, como "V", as condições de possibilidade de sua perpetuação.
Relendo o V for Vendetta pode-se esbarrar em uma questão incômoda e controversa acerca das origens e dos limites de um governo autocrático. Nos anexos do primeiro capítulo Alan Moore revê sua posição no V for Vendetta em que uma guerra nuclear e a crise dela decorrente culmina em fascismo. Afirma que o fascismo inglês, para nascer, não precisaria realmente de um holocausto nuclear. Sua constatação é alarmante: já se vive em um fascismo.
As reações ao fascismo são sempre controvérsas. No caso dessa HQ, as transformações sociais estabelecem-se sob uma lei de causalidade. A guerra causa o fascismo, que por sua vez tolhe a liberdade, originando sádicos e masoquistas de toda a sorte, que acabam por fomentar o fascismo. Todo fascismo precisa de símbolos. Toda liberdade também. Regimes autocráticos exigem violência, o remédio não é diferente. Dessa forma, "codinome V" é um sádico violento, efeito do caos e defensor da liberdade.
Obviedade!? Sim. Até aqui sim. O momento em que "V" escapa à previsibilidade é quando apresenta os valores que exige realizados. Liberdade de pensamento, respeito às diferentes formas de cultura e expressão. Autonomia da vontade. O que tornaria esse herói anti-herói é a assunção da condição de efeito da guerra e do fascismo, transubstanciada em sadismo. O que o faz comum - e isso é o que não é óbvio - é a eterna defesa de valores heróicos tradicionais. Nada mais burguês do que abster-se dos objetos da vida prática e viver conforme valores morais abstratos. Sua meta é a realização da sociedade burguesa, todavia, nunca foi necessário viver em regimes democráticos para isso. A liberdade que se faz pela força é o sintoma cutâneo do fascismo radical. Dessa maneira "V" é o sintoma de uma doença tão antiga quanto a Europa, mas o protagonista da HQ é o próprio fascismo que estabelece, mesmo nos resultados aparentemente controvérsos, como "V", as condições de possibilidade de sua perpetuação.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Diálogo sobre o Egito
Igor Fernandes Essa onda que invadiu o oriente com certeza vai ser tema de estudos no futuro, é uma virada de consciênciado povo que teve como um dos fatores a internet, a única forma de imprensa e comunicacao realmente livre.
Bruno Aleixo mto complicado, qnt mais eu leio, menos eu tenho a declarar... da uma olhada nos vox populi regionais quanto a conceitos religiosos, relativos a minorias e vc me diz se engole democracia sem democratas..
Valdir Ribeiro Pow...eu me impressiono contigo Bruno, c acha chance de encaixar Democratas em tudo hahaha....eu tenho ficado muito afeito à aristocracia, talvez uma democracia aristocrática. Imprensa livre e democrática, parecem valores bem ocidentais que gostaríamos muito que os atrasados orientais aprendessem né...finalmente os africanos estão aprendendo o valor da liberdade. Os discursos por aí não parecem revelar esse sentimento?!
Igor Fernandes Não existe nenhum país democrático no mundo. Estados Unidos o país "mais democratico " do mundo é o mais opressor de todos os paises. Não há exemplo democrático no mundo a se seguir.
Valdir Ribeiro Democracia já nasceu frustrada. O maior exemplo democrático de todos os tempos, o grego, passava longe de ser democracia. Democracia moderna? - balela! Nasceu com o imperialismo europeu. Democracia representativa? Uma ova! Ninguém vota em projeto político, mas em indivíduos. Mudemos pros países nórdicos ou pra Austrália - os EUA que deram certo!
Bruno Aleixo nao fui eu quem falou primeiro em "democracia" no Egito, é o q todos falam.. Agora meu conceito de democracia é um pouco diferente do que vcs sugerem, no meu entedimento, existe sim, democracia e liberdade é outra coisa.. liberdade é um conceito cagado, na boa..
Valdir Ribeiro Liberdade e democracia são, modernamente, indissociáveis. Pode ser cagado, mas é o que tem composto os discursos mais repetidos. Só porque é insistentemente repetido merece a atenção, não pra nos livrarmos dele simplesmente. Especialmente quando ouvimos esse conceito associado a ideias relativas ao mundo islâmico.
Igor Fernandes
Bruno Aleixo mto complicado, qnt mais eu leio, menos eu tenho a declarar... da uma olhada nos vox populi regionais quanto a conceitos religiosos, relativos a minorias e vc me diz se engole democracia sem democratas..
Valdir Ribeiro Pow...eu me impressiono contigo Bruno, c acha chance de encaixar Democratas em tudo hahaha....eu tenho ficado muito afeito à aristocracia, talvez uma democracia aristocrática. Imprensa livre e democrática, parecem valores bem ocidentais que gostaríamos muito que os atrasados orientais aprendessem né...finalmente os africanos estão aprendendo o valor da liberdade. Os discursos por aí não parecem revelar esse sentimento?!
Igor Fernandes Não existe nenhum país democrático no mundo. Estados Unidos o país "mais democratico " do mundo é o mais opressor de todos os paises. Não há exemplo democrático no mundo a se seguir.
Valdir Ribeiro Democracia já nasceu frustrada. O maior exemplo democrático de todos os tempos, o grego, passava longe de ser democracia. Democracia moderna? - balela! Nasceu com o imperialismo europeu. Democracia representativa? Uma ova! Ninguém vota em projeto político, mas em indivíduos. Mudemos pros países nórdicos ou pra Austrália - os EUA que deram certo!
Bruno Aleixo nao fui eu quem falou primeiro em "democracia" no Egito, é o q todos falam.. Agora meu conceito de democracia é um pouco diferente do que vcs sugerem, no meu entedimento, existe sim, democracia e liberdade é outra coisa.. liberdade é um conceito cagado, na boa..
Valdir Ribeiro Liberdade e democracia são, modernamente, indissociáveis. Pode ser cagado, mas é o que tem composto os discursos mais repetidos. Só porque é insistentemente repetido merece a atenção, não pra nos livrarmos dele simplesmente. Especialmente quando ouvimos esse conceito associado a ideias relativas ao mundo islâmico.
Igor Fernandes
Estudando história eu descobri que o homem contemporaneo nunca viveu a liberdade. Quando houve a revolucao francesa, o que aconteceu? O rei foi deposto e alguns anos depois entrou um Imperador! Ora, imperador é mais do que rei, e Napoleão i...
Bruno Aleixo
o q é repetido nos discursos é freedom, e nao liberty.. liberty seria o meu conceito de liberdade, algo mais abstrato.. freedom seria o q mais se relaciona a democracia: discurso livre, esse bla-bla-bla de sempre... e o q seria a liberdade ...
Valdir Ribeiro
Não sei a diferença do uso conceitual de Freedon e liberty. Esclareça-me!
Dá pra fazer muitas laudas sobre liberdade, desde a ideia de que ser livre é não ter impedimentos para agir, passando pela ideia de que a ação livre é a ação condicion...
Dá pra fazer muitas laudas sobre liberdade, desde a ideia de que ser livre é não ter impedimentos para agir, passando pela ideia de que a ação livre é a ação condicion...
Bruno Aleixo
eu prefiro nao tentar definir o conceito de liberdade... mas freedom eu entendo como a sensacao individual de ser desimpedido, independentemente do contexto, liberty já é o conceito geral de liberdade, mais abstrato.. de qq forma qnd um ame...
Igor Fernandes A nossa liberdade,igualdade e fraternidade é uma concepção burguesa e não para todos. Por isso os parlamentos estão repletos de pessoas das camadas mais ricas. Tanto no Brasil quanto no Egito. E lógicamente os interesses dos parlamentares não são os interesses do povo. Existem pessoas boas intencionadas na política porém o sistema é tão falho e burocrático (como o castelo de Kafka) que não se chega a lugar algum. Por isso na minha opinião democracia atualmente não tem nada a ver com liberdade.
Bruno Aleixo liberdade, igualdade e fraternidade sao otimas antiteses ao feudalismo.. qq concepcao ocidental recente de mundo moderno em qq variante de ideia economica (esquerda ou direita) elaborados depois da rev. francesa se encaixam nesse lema (socialismo, capitalismo, anarquismo), quase tudo é liberdade, igualdade e fraternidade, uma grandiosa babaquice hj em dia, bem piegas..rs.. na minha opiniao, a unica coisa q interessa ao povo sao os principios burgueses, entao quais sao os ideias nao burgueses que interessam ao povo?
Valdir Ribeiro
E nós seríamos burgueses narcisistas de ego inflado querendo pensar como pensa quem não é como nós? Eu não gosto de classificações generalizantes, tais como burguesia, classe operaria etc...Liberdade como desempedimento? Os desafio a encont...rar uma ação sincera e realmente desempedida, em cujas raízes não se encontrem quaisquer condicionamentos. Desafio ainda a encontrar uma escolha ou ação do mesmo tipo. Essa tríade valorativa nascida na modernidade tem tanta validade quanto o amor mundi cristão, é lindo e vazio. Insisto nesse vazio. Essa consciência que chamo eurocêntrica, inflacionada...esse super-ego, no sentido de ego gigantesco, que se acha capaz de entender tudo, é o que realmente me preocupa. O oriente seria só ID e nós o superego e o Ego. Somos capazes até de pensar na relação entre democracia e liberdade e avaliá-los como se esses valores, burgueses ou não, valessem algo lá!
Bruno Aleixo
nao vejo tanta disparidade entre o que vc se refere como eurocentrismo e o resto do mundo.. acho q é a ciencia que atua como esse super ego.. o positivimo.. Nao tneho mto problema c isso.. nos lugares em se nota em maior proporçao as pessoa...s sempre tiveram mais o que comer e nao se matam a toa, nem cortam as orelhas dos outros..
cara, a palavra é 'propriedade'!
cara, a palavra é 'propriedade'!
Valdir Ribeiro
Eu tenho me referido a uma tradição imperialista e egocêntrica de origem quase indetectável, mas que inssitentemente reaparece e se revigora hodiernamente. Tal como o hábito de se contratar, especialmente nos EUA, especialistas em oriente p...ara definir os rumos deste para com eles e no fato que tais acessores são exatamente o exemplo de consciência inflacionada que se impõe com uma autoridade desregulada. Tomando sua assertiva, se palavra é propriedade, a palavra dos islãmicos torna-se imediatamente propriedade dessa consciência narcisista. A própria visão pejorativa assinalada aí, é sinal de uma consciência que vê o diferente à luz apenas de si, identificando como defeito "neles" coisas que também temos e preferimos mascarar. Pior, identificamos neles como parte de sua substância enquanto que em nós como acidental.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Mito e Geografia
As duas categorias que mais me instigam hodiernamente são o mito e a geografia imaginária. Said, mesmo sem ter utilizado mito em qualquer parte de sua obra, ao refletir sobre a questão das relações entre Oriente e Ocidente, esbarra com a ideia de geografia imaginária. Esta é reflexo de um mundo organizado e classificado que se torna familiar aos indivíduos que ocupam determinado espaço. Os objetos, uma vez classificados, compõe um sentido transcendente para aquele grupamento, isto é, tornam-se geograficamente imaginários. O que é possível complementar a essa ideia é que o espaço geográfico imaginário é mítico.
Os mitos sempre são permeados de espaço. Seu sentido relaciona-se ora direta, ora indiretamente com o espaço. Note-se Zeus, deus dos trovões e das cavernas, ou as ninfas que por capricho sopravam levantando poeira e alterando formas rochosas; mesmo Jeová é chamado de deus da montanha em algum momento e é capaz de influenciar no espaço onipotentemente, só para citarmos alguns exemplos simples. É possível sofisticar-se os exemplos e relacionarmos uma concepção temporal ao mar em seu eterno retorno, ou nos aforismas de Heráclito em que o rio lava e transforma, cria e recria o Ser incansavelmente.
As enchentes e deslizamentos alteraram profundamente a geografia física teresopolitana. É relativamente simples reorganizar o espaço com um pouco de razão e ciência quem sabe. Me parece, todavia, hercúleo o trabalho de compreenção do que será a geografia imaginária teresopolitana. O espaço outrora conhecido e familiar cedeu com as chuvas. Os rios seguem outros rumos agora, criam um novo tipo de Ser. A questão "porque o Ser e não antes o nada?", resgatou-nos da monotonia a um custo trágico. Somos novamente intimados a nomear o Ser e se re-conhecer nessa nova configuração espacial, a criarmos nossos novos mitos.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Um pouco de desentendimento
Os últimas dias são de incognoscibilidade. Há uma série de instituições particulares, filantrópicas, governamentais agindo na área dos acontecimentos ligados às chuvas do dia 12 de janeiro. Essas instituições que aparentemente deveriam sincronizar-se, envolveram-se em uma série de conflitos nos últimos dias.
O exemplo forte deste conflito é a relação entre a Prefeitura e a Cruz vermelha. A primeira, governamental, argumenta que orienta-se pela vontade popular e realiza uma sorte de interesses cujos objetivos são o bem estar e a segurança da sociedade que a mantém e a legitima, tendo em seu controle recursos financeiros e humanos. A segunda, articula-se e organiza-se internacionalmente, sugere retoricamente que sua preocupação é o bem estar do ser humano e o suporte desinteressado em busca do bem estar de todos os indivíduos, apóia-se no trabalho voluntário e nos órgãos públicos.
O que se esconde por baixo desse conflito institucional? Ideologia!
Há uma disputa ideológica intensa entre estas duas. A primeira - em situações como a nossa - é exposta à impopularidade por conta de sua impotência e incompetência. Incompetência de prevenir ou minimizar os efeitos de um fenômeno natural tão antigo quanto o próprio planeta. Impotência porque é desorganizada desde suas raízes, desesperadamente desarticulada e desorganizada, incapaz de reagir adequadamente. Surge assim um tipo de discurso positivo e naturalizante que, ao mesmo tempo, destaca a positividade da ação governamental e atribui às chuvas e fenômenos naturais a causa do evento.
A segunda, especialmente aqui, no anseio de disfarçar os interesses que a movem e o descontrole de suas ações, julga a si mesma como imparcial e independente de qualquer instituição. Eximi-se assim da responsabilidade de organização interna. Em bom português, dá a si mesma a chance de culpar, do que quer que dê errado em suas ações, terceiros. Se a cruz vermelha é ligada à convenção de Genebra e a ONU, é claro que ela é orientada por interesses dessas instituições, mas quais são eles? Não importa, o discurso de imparcialidade neutraliza a questão.
O que se busca é legitimidade. A cruz vermelha precisa da legitimidade da neutralidade para angariar voluntários. Os governantes para manterem-se governantes. Ouvi de alguns que os dois tem o mesmo objetivo, ou seja, socorrer os necessitados. Concordo quanto ao interesse comum, mas discordo do que se chama de necessitados. Cruz vermelha e Estado são os necessitados desses momentos e os dois, finalmente, defendem a si mesmos nessa disputa.
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